FAMOSP
- Faculdade Mozarteum de São Paulo
Curso:
Licenciatura em Artes Visuais
Disciplina: LINGUAGEM DO CORPO
Professor responsável: Vacelon Soares de Alencar
Aluna:
Sandra Mara Machado Anacleto
E-mail: leomar.leo@terra.com.br
9ª aula
Analisar
as produções audiovisuais com a temática do Corpo
Vídeo – Fórum: Pina
Assistir ao filme (biografia
e pesquisa da artista e coreógrafa Pinha Bausch)
Pina é um filme para Pina Bausch de Wim Wenders, com o
Tanztheater Wuppertal, sobre a obra única da extraordinária coreógrafa alemã
que morreu em 2009. É uma viagem sensual e deslumbrante através das
coreografias dançadas no palco e em locais da cidade de Wuppertal - cidade que durante 35
anos foi a casa e o centro de criatividade de Pina Bausch.
É muito comum, nos dias que correm, atribuir-se valor a uma obra
de arte exclusivamente por seu caráter inovador,
elencando como qualidade inconteste o fato de ela supostamente “romper
barreiras formais” ou “estabelecer novos parâmetros de estilo”. Em se tratando
de análise estética, semelhante critério deve, sem dúvida, ser levado em conta,
porém, jamais de modo absoluto, por um motivo básico: muitas obras, embora
grandiosas, simplesmente não atendem a esse requisito, posto terem seus
criadores se contentado com os modelos formais que lhe foram legados. E isso
não os desmerece. De todo modo, ninguém há de negar, se uma obra artística
qualquer, para além de certas qualidades que a dignificam, ainda é capaz de
ostentar esse trunfo, digamos, “revolucionário”, distendendo a linguagem
específica de sua arte, tanto melhor. Parece-me ser este o caso de Pina,
último filme do cineasta alemão Wim Wenders, lançado em 2011.
Talvez no intuito de quebrar falsas expectativas, logo no
prólogo o expectador desavisado é informado de que não se trata de um
filme sobre a famosa encenadora e coreógrafa alemã,
mas para ela, o que faz uma grande diferença. A principal seria
esta: Pina, apesar das aparências, não pode ser qualificado como um
documentário, ou, pelo menos, não como um documentário tradicional, que se
ocuparia em historiar a vida e a trajetória profissional daquela que é tida
como a inventora do teatro-dança e afamada mundialmente como uma das maiores
artistas do século XX. O filme de
Wim Wenders, ainda bem, não foi produzido com esse intento. Na verdade,
trata-se de uma maravilhosa exposição, entremeada por depoimentos de bailarinos
que trabalharam com Pina Bausch (1940-2009), de algumas de suas mais famosas
montagens e coreografias.
Pina Bausch 1940 - 2009
E é neste ponto que o filme, para além das muitas qualidades que o
dignificam – como as extraordinárias coreografias criadas por Pina Bausch
para A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, e muitas outras,
todas lindas – ainda se mostraria, aos meus olhos pelo menos, capaz de ostentar
o trunfo de revolucionário, sempre no tocante, é claro, à linguagem própria da
chamada “sétima arte”. E se assim o foi, não há como negar, o foi graças ao 3D.
Senão, vejamos. A tecnologia, como todos sabem, já deixou de ser novidade:
desde Avatar (2009), de James Cameron, tem saído filme atrás
de filme fazendo dela uso. Pina apropriou-se dele de modo muito
mais crítico, tornando-o algo simplesmente imprescindível em relação ao projeto
que lhe norteou, a saber, permitir ao expectador uma sensação próxima de estar
assistindo ao vivo à apresentação dos balés. Em suma, dando-lhe aquilo que, até
então, só o teatro poderia lhe dar: uma perspectiva tridimensional tanto do
palco quanto do corpo dos atores-dançarinos. Pina nos oferece a
incrível impressão de que estamos assistindo às performances do próprio palco,
posto ser esse o local onde a câmara de Wim Wenders se
posicionou para registrá-las. A ilusão é a de que basta o levantar de um braço
nosso para que ele toque em algum suado integrante da Tanztheater Wuppertal (o nome da companhia fundada por Pina Bausch).
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