FAMOSP
- Faculdade Mozarteum de São Paulo
Curso:
Licenciatura em Artes Visuais
Disciplina: LINGUAGEM DO CORPO
Professor responsável: Vacelon Soares de Alencar
Aluna:
Sandra Mara Machado Anacleto
E-mail: leomar.leo@terra.com.br
7ª aula
A importância
de Laban para o conhecimento do corpo.
O
corpo em todo o processo de evolução do ser humano é sempre um instrumento de
manifestação do contexto
histórico em que vive e é ao mesmo tempo um reflexo deste. Percebe-se hoje,
espaços delimitados ao redor do corpo, não se sabe criar melhores propostas de
movimentos. A ação pedagógica veiculada pelo processo criativo como catalisador
da dança/educação poderá propor o resgate da consciência corporal pela melhor representação
do corpo.
Na
perspectiva da diversidade e da multiplicidade de propostas e ações que
caracterizam o mundo contemporâneo, seria interessante lançar um olhar mais
crítico sobre a dança na escola. A transmissão de conhecimento hoje, como se
sabe não se restringe mais às suas quatro paredes. Neste mar de possibilidades
característico da época em que se vive, talvez seja este o momento mais
propício para também refletir criticamente sobre a função/papel da dança na
escola formal, sabendo que este não é, e talvez não deva ser o único lugar para
se aprender dança com qualidade, profundidade, compromisso, amplitude e
responsabilidade. No entanto, a escola de hoje, é sem dúvida, um lugar
privilegiado para que isto aconteça e, enquanto ela existir, a dança não poderá
continuar mais sendo sinônimo de “festinhas de fim de ano e quadrilhas”.
Através
de seu corpo o aluno pode provar que não é só razão, mas também imaginação,
consciência e inconsciência. Seu corpo tem uma intencionalidade dinâmica que
pode ser conduzida, capta coisas e sentidos através de perfis observados e
vividos. A aprendizagem é o ato que o educando pode modificar seu
comportamento, resultante de estímulos ou situações. Na medida em que o aluno
efetiva uma nova aprendizagem, aumenta seu conhecimento, modifica sua maneira
de perceber, adquire outro comportamento. As alterações no ambiente e a
liberdade dada ao aluno, para atingir a meta de uma tarefa motora são fatores
determinantes da magnitude e da direção das mudanças que ocorrem no organismo
como um todo.
Assim
a dança é uma forma de comunicação e expressão, é uma das manifestações inerentes
à natureza do homem, presente nos acontecimentos de sua vida: nascer e morrer,
guerra e paz, rituais e festas. Ela estabelece íntima relação com as emoções e
sentimentos humanos, antecede como forma de comunicação à própria linguagem
falada, característica hoje tão escassa ao cidadão contemporâneo.
É
importante ficar claro que uma noção dualista de corpo, isto é, a ideia de que
mente é uma “coisa” e corpo, outra “coisa”, não faz parte do nosso
entendimento. Vamos sempre tratar de corpomente, com a intenção de demonstrar a
importância do aparato sensório-motor no aprendizado do movimento, da dança e
de qualquer outra área de conhecimento e sua relação com a experiência
subjetiva, as expressões de percepções, de emoções, de pensamentos.
O
instrumental básico para tratarmos de formas de manifestação a partir do corpo
e de uma consciência e expressão corporais será a metodologia de Rudolf Laban
(1879-1958).
Laban
foi um artista e profundo pesquisador do movimento e da dança e seu legado
continua presente na educação dessas áreas nos dias de hoje. Ele criou um
método suficientemente amplo para se falar da manifestação e da expressão do
movimento, bem como para criá-los e analisá-los.
Laban
era fascinado pelas múltiplas e diversas manifestações do movimento. Criou
coreografias que instauraram o expressionismo na dança. É considerado, junto a
Mary Wigman e Martha Graham, um dos fundadores da dança moderna. Criou um
sistema de notação da dança bastante completo e utilizado ainda hoje.
Desenvolveu um método de dança educacional que se tornou verdadeira cartilha
básica para professores, em diversos países. Realizou estudos sobre eficiência
e cansaço no trabalho. Buscou incentivar a criação de uma dança pessoal e
expressiva, por meio de improvisações temáticas. Trabalhou também com atores e
terapeutas. Fez grandes danças, as chamadas danças corais (com até dez mil
pessoas). No Brasil, seu método foi introduzido pela professora Maria
Duschenes. A teoria-e-prática de Laban é eficaz para profissionais de
diferentes áreas ligadas à expressão do corpo. Ele estudou e, enfaticamente,
frisou a importância da conscientização das influências recíprocas e
simultâneas entre a ação e os processos intelectuais e emocionais.
Em
todos os seus escritos deixou claro que, quando empregava a palavra corpo ou
corporal, estava querendo significar todos os aspectos do corpo. Muito importante
também é saber que Rudolf Laban já prenunciava o conceito de contemporâneo na
dança, o qual trata da não-hierarquia (não existe o primeiro bailarino, todos
os que dançam são valorizados), da pesquisa de movimentos por meio de
improvisações, do uso de vários tipos de dança em uma coreografia, entre outras
características. Por isso, professor, você vê acrobacias, passos de balé ou
capoeira numa mesma dança. E esta é uma boa dica para convidar seus alunos a
experienciar as inúmeras manifestações do movimento, tudo é expressão da dança:
o hip hop, o axé, o forró, a capoeira ou a dança clássica ou a moderna,
experimentados de um modo contemporâneo.
A dança é uma das maiores
catalisadoras da manifestação da expressão humana do movimento, se inserida no
âmbito escolar, é uma área de conhecimento a ser muito explorada por
professores.
A
dança na escola não deve priorizar a execução de movimentos corretos e
perfeitos dentro de um padrão técnico imposto, mas tornar o aluno um cidadão
crítico, participativo e responsável capaz de expressar-se em diversas
linguagens.
A
proposta de Rudolf Laban é a busca de uma educação integral e o despertar nas
áreas
potenciais
que estão adormecidas devido a imobilidade presente nas escolas hoje Com a
dança educativa é possível conhecer e aprimorar a consciência corporal e
socialização.
Instituir
a base do autoconhecimento, tornando fonte de criação de experiências vivas e
significativas, por meio das quais o aluno será capaz de se perceber no mundo.
O método de Laban se institui na base
do autoconhecimento, tornando-se uma fonte de criação de experiências vivas e
significativas, por meio das quais, o aluno será capaz de se perceber no mundo.
Os estudos e propostas de Laban rejeitam o estilo de pedagogia voltada ao
aperfeiçoamento das habilidades natas.
Para
ele, aprisiona o indivíduo às suas condições históricas. Através da aplicação
dos princípios e dos elementos de movimento preconizados por Laban é possível
conhecer e aprimorar o que já existe como “afinidade” pessoal, e também
despertar e desenvolver as “não-afinidades”, que podem estar expressas, por
exemplo, na rejeição a tudo que nos parece “diferente”. Dentre as várias
releituras que as obras de Laban permitem, existe algo fundamental, a
possibilidade de trânsito pelas diferenças, que se apresenta como um dos
principais desafios da educação e sociedade contemporâneas, e que emerge das
obras de Laban como uma alternativa de sobrevivência e de saúde psicofísica
para o homem do século XX.
A proposta deste teórico possibilita
ao aluno expor-se por seus próprios movimentos. Não ensina apenas a forma ou a
técnica, mas educa conforme o conhecimento de cada um, o que contribui para
desenvolver o emocional, o físico e o social do aluno. Para ele, a educação
deve integrar corpo e mente, ensina a pensar em termos de movimento para
dominá-los, e não somente, se preocupar com o movimento da escrita, do
raciocínio lógico e da linguagem.
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